Por Que Wall Street Dispara Apesar das Tarifas e das Tensões Geopolíticas?
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As ações americanas voltaram a subir nesta terça-feira (24), atingindo níveis próximos aos recordes históricos, demonstrando uma resiliência diante de um cenário desafiador marcado por tensões geopolíticas elevadas, tarifas históricas, juros altos e temores de recessão.
Hoje, o S&P 500, o indicador mais utilizado do mercado de ações dos EUA, atingiu seu maior patamar desde 21 de fevereiro, chegando perto de 6.090 pontos, ficando a menos de 1% do recorde histórico de fechamento registrado em fevereiro. O índice subiu 1% ao meio-dia, ampliando o ganho de quase 1% registrado na segunda-feira, à medida que os investidores reagiam positivamente ao aparente alívio nas tensões entre Irã e Israel após o ataque dos EUA feito no fim de semana.
Segundo Ed Yardeni, fundador da Yardeni Research, o avanço desta semana foi impulsionado pelo otimismo de que o Irã não fecharia a importante rota de transporte de petróleo no Estreito de Ormuz, o que contribuiu para a queda de 6% nos preços do Brent, referência internacional do petróleo, que recuou para US$ 67 (R$ 368,50) por barril — o menor nível em quase duas semanas.
O S&P 500 subiu quase 25% desde o seu ponto mais baixo em abril, registrado pouco antes de Donald Trump recuar em relação às suas tarifas mais severas do chamado “Dia da Libertação”.
Outros indicadores também apresentaram forte desempenho nesta terça: o Dow Jones Industrial Average, formado por ações de empresas consolidadas, subiu 1% (430 pontos), atingindo o maior nível em duas semanas; já o Nasdaq, com forte presença do setor de tecnologia, avançou 1,4%, alcançando o maior nível em quatro meses.
Ações de empresas de peso, como a Microsoft — atualmente a companhia mais valiosa do mundo — e o JPMorgan Chase — maior banco dos EUA — atingiram novos recordes de preço nesta terça-feira. Também registraram alta os papéis de gigantes da inteligência artificial como Alphabet, Amazon e Nvidia, todas com ganhos em torno de 2%.
Cenário incerto
A incerteza econômica está “excepcionalmente elevada”, disse na semana passada Jerome Powell, principal autoridade monetária dos Estados Unidos — uma frase que costuma soar como um alerta para Wall Street, que teme essas inseguranças desestabilizarem os modelos de avaliação.
Apesar dos alertas constantes sobre uma possível desaceleração econômica e do aumento da inflação ligada às tarifas, além de dados de pesquisas indicando que a confiança do consumidor caiu para níveis inferiores aos de 2008, o mercado de ações continua operando em patamares robustos.
Sobre a mudança positiva no mercado, os economistas do Goldman Sachs, Ronnie Walker e David Mericle, explicaram em nota enviada a clientes na segunda-feira que muitos investidores “só estão dispostos a confiar em dados concretos” antes de adotarem uma postura pessimista. Já o estrategista do Wells Fargo, Chris Haverland, afirmou que a desregulamentação, os cortes de impostos e os juros mais baixos poderiam “mais do que compensar” os efeitos negativos das tarifas sobre as ações.
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